O que é

Segmentectomia pulmonar consiste na remoção cirúrgica de um dos segmentos pulmonares. Nossos, pulmões são subdivididos em lobos (2 do lado esquerdo e 3 do lado direito), o quais tem artérias, veias e brônquios independentes. Estes lobos, por sua vez, subdividem-se em segmentos, também com brônquios e estruturas vasculares independentes.

Do ponto de vista técnico, para executarmos uma segmentectomia precisamos dissecar, isolar e seccionar os vasos e brônquios específicos do segmento a ser retirado. Após sua secção, ressecamos em conjunto a parte do parênquima do pulmão irrigada, drenada e ventilada por estas estruturas.

Para qual doença do tórax é indicada

A segmentectomia é uma alternativa para o tratamento do câncer de pulmão quando o tumor é muito pequeno (<2cm), particularmente quando a condição pulmonar do paciente não permite a ressecção de uma porção maior do pulmão como no caso da lobectomia. Assim como na lobectomia, a ressecção das estruturas brônquicas e vasculares do segmento minimiza o risco de recorrência local do tumor. A segmentectomia também pode ser indicada em outras situações como a bronquiectasia, metástases pulmonares, malformações congênitas do pulmão e outras situações raras.

Procedimento

Tradicionalmente a segmentectomia é realizada através de uma toracotomia, ou seja, uma incisão na parede lateral do tórax de cerca de 12-15cm, seguida de afastamento das costelas. Atualmente, devido a avanços tecnológicos, é possível realizar a segmentectomia de forma minimamente invasiva como através da cirurgia por vídeo ou da cirurgia robótica, que é nossa técnica preferencial. Ao invés, da incisão maior e afastamento de costelas, o mesmo procedimento pode ser feito por pequenos cortes, minimizando dor, tempo de internação e complicações pós-operatórias (para maiores informações sobre evidencias científicas de vantagens da cirurgia robótica, clique aqui). Tecnicamente, a segmentectomia é muito semelhante à lobectomia, a diferença é a maior complexidade da dissecção vascular e brônquica visto que devem ser identificadas as estruturas do lobo para depois serem identificadas as estruturas segmentares. A cirurgia demora de 1 a 3 horas e após a recuperação pós-anestésica, o paciente é encaminhado ao quarto, mas em alguns casos, pode passar a primeira noite pós-operatória na UTI. A complexidade da cirurgia, idade do paciente, doenças de base, entre outros fatores, são os critérios utilizados para a indicação de UTI.

Recuperação

Após a cirurgia o paciente fica com um dreno de tórax que é removido geralmente entre o 1º e 4º dia pós-operatório, podendo este tempo extender-se em alguns casos. Uma vez retirado o dreno e estando a dor e outros fatores clínicos controlados é possível dar alta hospitalar. O retorno às atividades habituais geralmente ocorre a partir do 15º dia pós-operatório, porém diversos fatores podem influenciar este tempo.

Contra-indicações

Séries de casos nacionais e internacionais reportam complicações em cerca de 20% dos casos operados e mortalidade em 2%. As complicações mais frequentes são pneumonia, drenagem prolongada, dor pós-operatória e arritmias cardíacas. Para reduzir a chance de complicações é necessária uma boa seleção de candidatos à cirurgia, portanto sempre avaliamos função pulmonar e analisamos risco cardiovascular antes de indicá-la.