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Neste estudo retrospectivo, os autores tiveram por objetivo avaliar o desfecho do tratamento cirúrgico do câncer de pulmão em pacientes obesos submetidos a lobectomia por via robótica (RATS). A definição de obesidade foi quando o Índice de Massa Corpórea (IMC) era igual ou maior que 30.


A evolução pós-operatória destes pacientes foi comparada com a de outros doentes igualmente obesos, tratados por toracotomia lateral poupadora da musculatura da parede do tórax.

Foi feita a revisão de prontuários de 224 pacientes obesos no período de 2007 a 2018. Destes, 52 foram submetidos a lobectomia por RATS, e 173 sofreram lobectomia por toracotomia poupadora dos músculos.
A fim de melhorar a análise, os autores fizeram o comparativo por escores de propensão, em que 42 pacientes tinham o mesmo estadiamento patológico, comorbidades semelhantes, e tratamento pré-operatório parecido. 

Apesar de o tempo cirúrgico mediano ter sido maior no grupo RATS, o tempo de internação foi menor neste grupo (robótico), assim como a taxa de complicações foi significativamente menor (42,9% vs 16,7%) nos pacientes operados com robô. 

O estudo também reviu o desfecho oncológico de longo prazo destes pacientes, com tempo mediano de seguimento de 4,4 anos. A sobrevivência de 5 anos no grupo da RATS foi de 67,6%, e a do grupo toracotomia foi de 66,1%, mostrando que os resultados oncológicos não são distintos. O mesmo ocorreu quando os grupos foram comparados no que se refere a mortalidade específica por câncer. 

Deste modo, o estudo tem por conclusões que a cirurgia robótica em pacientes com IMC > 30 (obesos) apresenta vantagem de menor taxa de complicações pós-operatórias imediatas, com os mesmos resultados oncológicos.

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Título: Postoperative outcomes of robotic-assisted lobectomy in obese patients with non-small-cell lung cancer.

 

Autores: Casiraghi M, Sedda G, Diotti C, et al.

Filiação: European Institute of Oncology, Milan, Italy.

 

Referência: Interact Cardiovasc Thorac Surg 2020 Mar 1;30(3):359-365

doi: 10.1093/icvts/ivz273