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Este artigo do Departamento de Cirurgia Torácica do Instituto de Tisiopneumologia de São Petersburgo, Rússia, um dos maiores centros de tratamento cirúrgico da tuberculose do mundo, explora questões técnicas da ressecção pulmonar robótica nesse contexto

As indicações utilizadas são as definidas pelo protocolo da OMS de 2014: complicações das sequelas como hemoptise e na adjuvância de casos resistentes. Ou autores comentam, mas infelizmente não descrevem como excluem pacientes da indicação da via robótica através da avaliação da tomografia de tórax.

A principal contribuição do artigo, além da prova de factibilidade da via robótica para ressecção pulmonar nesses casos, é a descrição das adaptações técnicas por eles utilizadas, incluindo dicas e armadilhas. Por ser um artigo multimídia, é possível assistir vídeos que ilustram essas questões técnicas.

Como resultados foram analisados  53 casos operados com a plataforma Da Vinci SI. Desses 89% tinham a forma cavitária da tuberculose, a idade média foi de 38 (±14) anos. O procedimento mais frequente foi a lobectomia superior direita em 69% dos casos. Os Autores descrevem que em 48 casos (90%) forte adesão pleuro-pulmonar foi encontrada, sendo que a obliteração total da cavidade foi encontrada em 3 casos (6%). Mesmo assim a conversão para cirurgia aberta ocorreu somente em 2 pacientes (4%); uma das conversões ocorreu por intensa aderência e outra por um sangramento da artéria pulmonar controlado rapidamente com a perda de 150ml de sangue. 

O tempo operatório médio foi de 175(±64) min que incluía o tempo de "docking" de 17(±6) min e de "console" 109(±62) min. A perda sanguínea intra-operatória foi estimada em 82(±95) ml. As complicações pós-operatórias de acordo com a Ottawa Thoracic Morbidity & Mortality Classification System foram consideradas menores em 7 casos (13%) e maiores em 6 casos (11%). A média de fistula aérea foi de 3(±1) dias  

Além do desenho retrospectivo o pequeno número de casos e a eventual heterogeneidade dos casos, muito comum nessa afecção, são as principais limitações desse estudo. A conclusão deixada é que a ressecção pulmonar robótica como tratamento cirúrgico da tuberculose é factível e apresenta bons resultados no tocante a segurança intra e pós-operatória.

Yablonskii, P., Kudriashov, G., Vasilev, I., Avetisyan, A., & Sokolova, O. (2017). Robot-assisted surgery in complex treatment of the pulmonary tuberculosis. Journal of Visualized Surgery, 2, 18-18. https://doi.org/10.21037/jovs.2016.12.09