A circulação do novo Cornavírus (beta-coronavírus da família Coronaviridae), SARS-CoV-2, foi evidenciada na China (Wuhan, província de Hubei) em dezembro/2019 com pico de casos graves de pneumonia e descrição oficial do novo vírus em 08/01/2020. Em 11/03/2020, a Organização Mundial da Saúde declara pandêmica a infecção pelo novo coronavírus (COVID-19). Hoje (27/03/2020), no mundo, são mais de 585.000 casos e quase 27.000 óbitos. No Brasil, o primeiro caso confirmado, proveniente do norte da Itália é diagnosticado em 26/02/2020) e, um mês após, temos confirmados 2.915 casos com 77 óbitos.
Os sintomas mais frequentes da COVID-19, à semelhança de outros vírus respiratórios da comunidade, são tosse seca, mialgia, fadiga e febre. Os sintomas são progressivos e, nos casos graves, a piora da febre (43% casos leves e 88% casos graves), tosse (82%) e dispneia (32%) ocorrem entre 7º e 10º dia levando ao quadro de insuficiência respiratória aguda. Até o momento, a maior letalidade tem sido associada a pacientes idosos (> 60 anos) com co-morbidades como diabetes, hipertensão arterial sistêmica e doenças cardíacas. Linfopenia (83%)foi o achado laboratorial mais frequente bem como o infiltrado em vidro-fosco (57%) predominantemente em regiões basais, periféricas e posteriores. Vale a pena lembrar que a maioria dos casos (80-85%) serão assintomáticos/olissintomáticos e que crianças abaixo de 15 anos tem menor risco de evolução para formas graves. Até o momento, houve apenas 01 óbito em criança nessa faixa etária.
A transmissão do SARS-Cov-2 é realizada de pessoa-a-pessoa por contato próximo e por gotículas. Por isso, a lavagem de mãos e higienização do ambiente e superfícies são fundamentais para reduzir a disseminação viral.
O diagnóstico da infecção aguda deve ser feito por amplicação RNA viral através de reação em cadeia de polimerase (PCR) em espécimes de trato respiratório (idealmente swab nasofarígeo). Os testes de imunofluorescência tem menor sensibilidade e os testes sorológicos terão grande importância nos estudos epidemiológicos populacionais. Até o momento, nenhuma droga antiviral mostrou redução em mortalidade ou progressão da doença.
Dra. Sílvia Vidal Campos ? Infectologista do Serviço de Pneumologia HCFMUSP; Grupo de Transplante Pulmonar Instituto do Coração HCFMUSP
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