O tratamento do timoma é eminentemente cirúrgico. À exceção
de pacientes com doença metastática, todos os pacientes com doença localizada
ou localmente avançada devem ser considerados para o tratamento operatório. A
cirurgia consiste na resseção completa da lesão e estruturas adjacentes caso
estas se encontrem invadidas pelo tumor. Além da ressecção completa, dois
outros princípios da cirurgia do timoma devem ser seguidos, o cuidado para não
violar a delgada capsula tumoral e a ressecção do timo como um todo
(particularmente nos casos em que o paciente tenha miastenia gravis associada).
Tradicionalmente a cirurgia do timoma é realizada através de
esternotomia mediana. Contudo, com o advento da cirurgia minimamente invasiva a
possibilidade de realizar a cirurgia poupando a abertura do osso esterno se
tornou muito atraente. Alguns trabalhos revelaram a factibilidade da cirurgia
por videotoracoscopia, mas muitos questionam se os resultados seriam
equivalentes à esternotomia. Estudos retrospectivos sugerem resultados de curto
e médio prazo semelhantes.
O advento da robótica foi muito positivo para a cirurgia do
timo, visto que a maior destreza dos instrumento e excelente visão
tridimensional facilitariam o trabalho em uma região restrita como o
mediastino. Diversos estudo retrospectivos confirmaram a factibilidade e
segurança da cirurgia robótica no timoma, mas dois estudos pareados por escores
de propensão compararam diretamente a robótica e a cirurgia convencional por
esternotomia.
No primeiro estudo, Marulli e cols. analisaram 164 pacientes
submetidos a tratamento cirúrgico do timoma em Padova de 1982 a 2016. Destes,
108 foram submetidos a esternotomia e 56 a cirurgia robótica. Todos os casos
tiveram ressecção completa. A análise da população toda sugere maior tempo
cirúrgico para as cirurgias robóticas, porem menor taxa de sangramento, menor
numero de complicações e menor tempo de internação para a técnica minimamente
invasiva. Contudo após pareamento (41 pacientes em cada grupo), apenas o tempo
de internação permaneceu estatisticamente significativo. Um achado interessante
deste estudo é o fato de que os custos relacionados à cirurgia robótica foram menores
que os da cirurgia aberta, principalmente devido ao tempo de internação mais
curto.
No outro estudo, Kneuertz e cols. analisaram seu banco de
dados institucional buscando pacientes operados por timomas maiores que 4 cm.
Esta é uma população particularmente interessante pois tamanho era considerado
uma contraindicação para abordagens minimamente invasivas. Os autores
identificaram 20 casos de timoma maiores que 4 cm operados por robótica e
parearam com outros 34 casos operados por esternotomia. Concluíram que o volume de sangramento
intra-operatório e tempo de internação foram significativamente menores nos
pacientes submetidos a cirurgia robótica. Contudo, apontaram que a necessidade
de reconstrução vascular é uma limitação para a técnica minimamente invasiva.
Concluindo, a literatura sugere que quanto a resultados de
curto-prazo a cirurgia robótica para tumores do timo oferece vantagens em
relação à cirurgia aberta, particularmente em termos de sangramento
intra-operatório e tempo de recuperação. Resultados oncológicos tardios ainda
não podem ser avaliados visto que o timoma é uma neoplasia indolente e seria
necessário seguimento de mais de 10 anos para uma comparação adequada dos
métodos. Respondendo à pergunta colocada no título deste texto, existe evidência
não randomizada apoiando o uso de cirurgia robótica para a ressecção do timoma,
principalmente no que se refere a desfechos de curto prazo.
Ruffini E, Filosso PL, Guerrera F, Lausi P, Lyberis P,
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